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Reflexão sobre o sindicato na atualidade

Ao expor o seu entendimento sobre o tema do encontro “Sindicatos na Atualidade”, o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Carlos Schmidt ou Ximitão, como é conhecido, deu inicio a mais uma edição, na noite da última quinta-feira (16/09), do Ciclo de Debates sobre Sindicatos, mediado nesta oportunidade pelo advogado Antonio Vicente Martins.

Ximitão traçou um quadro mais amplo, ao retomar temas básicos como origem da sociedade de classes, a distribuição das riquezas como proposta por Carl Marx, o surgimento do precariado (classe dos trabalhadores precários) e o papel sindical na transformação social.

O evento, uma realização do escritório Paese, Ferreira e Advogados Associados em parceria com Castro, Osório, Pedrassani, Advogados, Rogério Viola Coelho Advogados, Antônio Vicente Martins Advogados Associados e o site Democracia e Mundo do Trabalho em Debate contou ainda com o apoio de diversos sindicatos e organizações de trabalhadores.

Como expositor do evento, Ximitão não teve dúvidas ao afirmar que cabe aos sindicatos na atualidade lutar pela ampliação dos direitos universais. “Acreditamos que se as centrais sindicais trabalhassem em uma negociação coletiva para todas as categorias acabaria por estabelecer patamares mínimos de exploração. Por isto é fundamental pensar em direitos universais, ir além da pauta de sua categoria”, observa ele.

Outro ponto destacado pelo professor está na desvinculação direta entre prestação e custo. “Se o sujeito tem AIDS, não importa quanto custa para tratá-lo. Ele precisa e deve ter direito ao atendimento”, reforça ele, completando que é preciso também que as entidades dos trabalhadores lutem pela garantia do princípio da gratuidade. Ele cita o movimento pela gratuidade do transporte que ganhou as ruas do Brasil neste ano. “Na Europa, por exemplo, a França há muito tempo oferece transporte público com subsídio de 50%. O resultado é um transporte público de qualidade. No Brasil se dá subsídio para tantas coisas e não se dá para o transporte. O ideal seria a gratuidade e este é o tema que também deve estar presente na pauta das organizações dos trabalhadores”, completa ele.

Outro aspecto destacado por Ximitão e que começa a ser discutido pelas entidades dos trabalhadores está na democratização do espaço ou local de trabalho. O professor lembra que esta reivindicação antiga do movimento sindical está arrefecida, adormecida. “Se existe espaço onde o autoritarismo tem uma presença esmagadora é na empresa privada. É preciso combater fortemente isto, assim como as chamadas demissões imotivadas. Para demitir, o patrão tem que ter um motivo grave”, argumenta.

Ximitão, ao concluir sua fala, defendeu a proposta de que representantes das entidades de trabalhadores devem se coordenar com os movimentos sociais para dar amplitude não somente a suas pautas de categoria, mas reforcem a condução dos temas de interesse do país.

Debatedores no evento, Denise Correa da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Bancários/Fetrafi) e Guiomar Vidor da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (Comerciários/CTB) trouxeram as experiências de suas atividades sindicais. Denise Correa fez uma retrospectiva histórica do movimento de reivindicação dos bancários, assinalando suas principais conquistas, muitas delas estendidas aos demais trabalhadores e reportou o momento atual difícil da categoria que representa. E Guiomar Vidor ampliou a reflexão trazida pelo professor Schmidt sob a luz das condições históricas e políticas do Brasil. “Em cada etapa da história política e social, especialmente do século passado, o movimento sindical acompanhou a evolução brasileira. Hoje o desafio é muito complexo e exige uma reflexão de todos nós do movimento sindical. Precisamos analisar em profundidade onde podemos avançar, de que forma podemos avançar. Muitas vezes na teoria traçamos um objetivo ideal, mas a realidade apresenta dificuldades que não eram esperadas. Neste ponto, a união dos trabalhadores e da sociedade torna-se um objetivo a ser perseguido”, conclui Vidor.

 

O Ciclo de Debates tem o apoio da Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição, da Associação dos Servidores da Ufrgs, do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Sindiágua, Sindicato dos Radialistas do RS, Sindicato dos Farmacêuticos do RS, Sindicato dos Servidores Públicos do RS, Sindicato dos Servidores do Ministério da Fazenda, Sindicato dos Servidores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no RS e Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no RS.