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Escritório promove painel sobre o Movimento Negro e as políticas de ações afirmativas

Em mais um evento organizado conjuntamente pelos Escritórios Paese, Ferreira & Advogados Associados e Castro, Osório, Pedrassani & Advogados Associados, na última quinta-feira (27), as advogadas Luana Pereira, da ONG Themis, e Bruna Marcondes, do Castro, Osório, Pedrassani apresentaram painel sobre “O movimento negro e as políticas de ações afirmativas”, coordenado pelo advogado Saulo Nascimento, do Paese, Ferreira.

Luana traçou um histórico acerca da escravidão e da luta do povo negro no Brasil, dando ênfase ao pouco aprofundamento que se dá ao tema nas escolas e à romantização com que a mídia retrata tais questões. Narrou métodos de tortura utilizados na escravidão e estratégias de esquecimento e apagamento da ancestralidade das pessoas escravizadas. Teceu fundamentadas críticas ao mito da democracia racial, bem como ao silenciamento e a invisibilidade que a sociedade, racista em sua estrutura, dispensa à cultura africana.

Bruna destacou a origem da luta do movimento negro por reparação histórica, que resultou na criação e na implementação das políticas de ações afirmativas nas universidades e no serviço público. Compartilhou com o público importantes dados sobre os atos de desobediência civil e os tensionamentos que impulsionaram avanço social em tais questões. Também descreveu as ações afirmativas como símbolos do exercício da autonomia universitária, já que as cotas dizem respeito ao projeto de universidade que cada instituição fomenta. 

Dialogando com o público, Luana e Bruna trouxeram reflexões sobre as crescentes ameaças que as conquistas vêm sofrendo, trazendo o recente exemplo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cujo Conselho Universitário, após protestos de estudantes cotistas, descartou proposta de alteração no sistema de cotas.

As painelistas destacaram a importância de as pessoas brancas realizarem crítica ao privilégio que a sociedade lhes confere, o que implica aproveitar a sua posição privilegiada para denunciar e combater situações racistas do cotidiano. Fundamentaram esse apelo na premissa de que o racismo é um problema de todos, e não apenas do povo negro. O painel teve um tom de diálogo, o que permitiu que o público fizesse pertinentes intervenções, a partir de diferentes lugares de fala.