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Às que vieram antes de nós: histórias do Dia Internacional das Mulheres
Era perto do fim do expediente da tarde de sábado, 25 de março de 1911, quando uma nuvem de fumo se espalhou pelos três andares superiores do Asch Building, em Nova York. Ouviu-se o som de estilhaço de vidro seguido de um forte estouro. As trabalhadoras da Triangle Shirtwaist Company, que ocupava o espaço, acharam que eram fardos de tecido ou pedaços da fachada que se desprendiam do prédio consumido pelo fogo. Logo perceberam o horror absoluto: aquele estranho estouro vinha dos corpos de mulheres e meninas que se atiravam das janelas, tentando escapar às chamas.
Os bombeiros tentavam inutilmente amparar a queda com redes de proteção que se rompiam com o peso dos corpos. O fumo e os gritos alastravam-se por quarteirões, os bombeiros desorientados direcionavam as mangueiras para os últimos andares do prédio tomado pelas chamas, mas a água só tinha pressão para atingir o sétimo andar do Asch Building. Em apenas 18 minutos, o incêndio transformou o oitavo, o nono e o décimo andar em escombros. Dentro do prédio, trabalhadoras espremiam-se contra duas saídas de emergência – uma delas estava trancada.
Os três pisos da Triangle Shirtwaist Company eram ocupados por 260 trabalhadores e 240 máquinas de costura amontoadas. As máquinas ordenadas em 16 fileiras, muito próximas, bloquearam os caminhos em direção às portas de emergência. A fábrica não respeitava os princípios básicos de segurança e tinha sido notificada por diversas vezes pelo Departamento de Construção sobre as perigosas condições do prédio.
No incêndio, morreram 146 trabalhadores, dos quais 17 eram homens e 129 eram mulheres e meninas – 90 delas atiraram-se pelas janelas do prédio. A maioria das jovens era imigrante, tinha entre 16 a 24 anos e trabalhava em condições desumanas. Os seus salários equivaliam a um terço do recebido pelos homens, enfrentavam jornadas de trabalho extenuantes e não tinham condições mínimas de segurança.
Isaac Harris e Max Blanck, proprietários da empresa e conhecidos por tratar trabalhadores como “dentes de uma engrenagem”, foram acusados de homicídio culposo. O júri, composto unicamente por homens – na época mulheres não podiam ser juradas em Nova York – declarou-os inocentes de todas as acusações: “a defesa argumentou que não se poderia provar que eles tivessem mandado fechar as portas” (GONZÁLEZ, 2010). A palavra das sobreviventes, que afirmaram que os patrões trancavam as portas, de nada valeu.
Do lado de fora do tribunal, familiares, trabalhadores e ativistas gritavam: – assassinos! O som espalhou-se pelas esquinas de Nova York e 300 mil pessoas saíram à rua debaixo de chuva para um funeral simbólico. A pergunta era: de quem é a responsabilidade? Dos inspetores de construção que permitiram escadas de incêndio inadequadas? Dos políticos que não exigiram normas de segurança? Ou dos proprietários que ignoraram as recomendações da fiscalização em nome do lucro? Ou de todos eles que tratavam operárias, sobretudo as imigrantes, como cidadãs de terceira classe?
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Fonte: Esquerda.net
Foto: Museum of London/Heritage Images/Getty Images
Data original da publicação: 08/03/2016
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