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Em Grande Expediente, Pedro Ruas aborda a crise da Saúde no RS

O período do Grande Expediente da sessão plenária desta quarta-feira (8) foi ocupado pelo deputado Pedro Ruas (PSOL), que abordou “A Crise da Saúde no RS”. O parlamentar fez uma abordagem ampla da questão, analisando as conjunturas das esferas administrativas nacional, estadual e municipal. “O momento é sério e um dos mais críticos até hoje”, avaliou.
O mote da manifestação foi o Dia Nacional da Saúde, comemorado em 5 de agosto, data do nascimento do sanitarista Oswaldo Cruz. “A data, no entanto, deve ser vir para ampla reflexão, diante do caos no segmento da saúde. Em raros momentos da nossa história a população sofreu tanto, ou por negligência, ou por incapacidade, ou má-vontade dos atuais gestores”, sublinhou.
A situação dramática, frisou, aflige todas as instituições. “E este é o momento (pré-eleitoral) para esta análise e para que busquemos ações e os responsáveis por esta tragédia. No Grupo Hospitalar Conceição, por exemplo, braço federal no RS, os terceirizados estão sem receber salários, outra vez, numa recorrência tradicional; na Capital, os salários dos trabalhadores do IMESF (Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família), estão congelados há 2 anos e meio. No HPS, antes referência estadual, faltam cerca de 300 servidores, entre enfermeiros e técnicos. Faltam médicos em áreas essenciais e, mais recentemente, anunciaram o fechamento de 22 leitos da enfermaria de traumatologia, segmento ícone daquele hospital”, lamentou.
Em relação ao RS, Ruas disse que faltam políticas de Estado para a Saúde. “Como pode”, questionou, “que ainda não estejam definidas as causas de um dos maiores surtos de toxoplasmose mundiais que atingiu Santa Maria? Como pode, que em uma das maiores cidades rio-grandenses, Pelotas, milhares de mulheres estejam inseguras em decorrência de exames papanicolau (preventivo de câncer)”?, questionou, recordando que, de cada cem exames realizados, apenas cinco eram analisados efetivamente. “Nos demais, ficou o falso negativo. Assim, mais de 100 mil mulheres sofrem, hoje, com a angústia a partir de uma situação mal encaminhada. Os gestores devem, sim, sofrer responsabilização”, considerou.
Ainda em relação ao Rio Grande do Sul, citou que, em 2017, os recursos previstos para a área da Saúde eram da ordem de R$ 5,9 bi (11,09% do orçamento geral). “Porém, efetivamente, foram aplicados, apenas, R$ 3,44 bi. Onde foi parar o resto? Se saúde é prioridade, onde foi aplicada a diferença?”, questionou.
Igualmente lamentou notícia segundo a qual a Escola Técnica Estadual de Saúde terá que deixar o prédio do HC (Hospital e Clínicas) sendo transferida para um dos andares do colégio Julinho. “A ideia é que, no espaço da escola, seja construído um estacionamento. Em síntese, é assim que o governo do Estado vê a saúde. O local, que é de propriedade do Clínicas, tem 1,5 mil metros quadrados e atende pelo menos 1,2 mil alunos dos cursos de Nutrição, Radiologia, Gerência em Saúde e Análises Clínicas. Os estudantes utilizam 16 salas de aula e seis laboratórios, divididos em dois andares. No Julinho, não há esta disponibilidade, sem falar na infraestrutura”, ponderou.
Ressaltou a luta pela busca de mais leitos. “Após dura e longa luta será possível reabrir a Beneficência Portuguesa. De outra parte, inúmeros leitos são fechados todos os dias no RS, pelo sucateamento das instituições, em razão da falta de repasse de verba. O fato é que, no RS, precisa haver uma completa alteração dos conceitos empregados na saúde, em todas as instâncias, com a priorização dos pacientes e dos profissionais envolvidos”, apontou.
Afirmou que seu manifesto representava uma homenagem aos trabalhadores na área. “A redução do financiamento e a desestruturação do sistema expõem as equipes a condições inadequadas e à sobrecarga de trabalho. Na linha de frente do atendimento, a Enfermagem convive com a violência que afeta as comunidades atendidas e com a reação de usuários e familiares que sofrem com as deficiências e demora dos serviços”, destacou.
Para ele, as causas do atual momento devem, sim, ser consideradas, “Claro que há negligência e desmandos no passado. Mas isso não exime os gestores de agora, que assumiram seus papeis administrativos cientes do caos. Devem ser avaliadas, sim, as responsabilidades de quem está no comando na conjuntura”, reforçou. “Ou a decisão do HPS em reduzir leitos é estrutural? Não, é conjuntural, de gestão”, frisou.
Apartes e autoridades
Em apartes, manifestaram-se os deputados Enio Bacci (PDT), Altemir Tortelli (PT) e Tiago Simon (MDB). Prestigiaram a sessão o presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Daniel Menezes de Souza; a diretora do Simers, Gisele Lobato; o presidente do Sindesaúde-RS, Arlindo Ritter; o presidente da Associação dos Servidores do GHC, Valmor Guedes, e presidente da Associação dos Servidores do HPS, Everaldo Nunes.
Fonte: Assembleia Legislativa do RS
Texto: Celso Luiz Bender
Foto: Guerreiro
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