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Assédio institucional – realidade que impacta o ambiente de trabalho precisa ser combatida
Por: Saulo Nascimento
O assédio institucional, também conhecido como assédio organizacional, é uma realidade que impacta o ambiente de trabalho e a saúde da classe trabalhadora. Esse tipo de assédio não se manifesta apenas por meio de ações individuais, mas também por práticas e métodos de gestão nocivos que afetam a saúde emocional e física dos trabalhadores e trabalhadoras.
Uma das principais características do assédio institucional é a pressão constante para que profissionais abracem de maneira inquestionável as diretrizes da empresa, muitas vezes a qualquer custo. Isso pode se traduzir em metas e objetivos inatingíveis, que levam os empregados e empregadas a um estado de constante estresse e ansiedade. A cultura de metas excessivas muitas vezes impulsiona uma competição nociva entre os trabalhadores, levando a um ambiente de trabalho tóxico.
A busca incessante pela produção e pelo cumprimento de metas muitas vezes resulta em sobrecarga de atividades, levando à realização de horas extras até mesmo fora do expediente. Essa pressão constante pode acarretar um estado de esgotamento físico e mental, conhecido como burnout.
O adoecimento causado pelo assédio institucional não deve ser subestimado. Estresse crônico, ansiedade, depressão e burnout são algumas das consequências mais comuns. Funcionários que sofrem desse tipo de assédio muitas vezes relatam queda na produtividade, afastamento do trabalho por motivos de saúde e, em casos extremos, até mesmo suicídio.
A importância de grandes hospitais e instituições de saúde combaterem o assédio organizacional é crucial. Eles desempenham um papel fundamental na sociedade, cuidando da saúde física e emocional das pessoas, e não podem permitir que seus próprios ambientes de trabalho contribuam para o adoecimento dos funcionários. Assim, é necessário estabelecer medidas internas eficazes para identificar e combater práticas de assédio, bem como criar instâncias internas de apoio, como comitês paritários e suporte psicológico, para que os empregados e empregadas tenham um canal seguro para relatar casos de assédio.
Tais instâncias internas não podem servir apenas como instrumento meramente formal, mas devem ser estruturadas de maneira efetiva e comprometida para combater o assédio organizacional. Os funcionários devem sentir-se seguros ao reportar casos de assédio, sabendo que sua identidade será protegida e que não sofrerão retaliações. Isso requer um comprometimento por parte da diretoria e da administração de proceder com seriedade diante das denúncias.
Promover uma cultura organizacional saudável, baseada no respeito, na valorização dos funcionários e no equilíbrio do ambiente de trabalho, é fundamental para prevenir o assédio institucional. Além disso, é necessário conscientizar os gestores sobre a importância de adotar práticas de gestão humanizadas, que priorizem o bem-estar dos funcionários em vez de metas a qualquer custo.
Somente com uma abordagem comprometida em eliminar o assédio organizacional é que grandes hospitais e instituições de saúde poderão garantir um ambiente saudável e preservar a saúde integral da classe trabalhadora.
Saulo Nascimento é advogado na área de Direito Trabalhista e presidente da Associação da Advocacia Trabalhista do RS - AGETRA
Artigo publicado no site do SERGS: http://sergs.org.br/2023/09/27/assedio-institucional-realidade-que-impacta-o-ambiente-de-trabalho-precisa-ser-combatida/